01/07/2011 - Buenos Aires by bus em tempos de vulcão

0
Não deixe que as cinzas do vulcão chileno atrapalhem a sua ida a Buenos Aires...
Embarquei para Buenos Aires em um vôo pinga-pinga da Gol com direito a paradas em Curitiba e a capital do Paraguaia (Assunción).
Quando o voo parou no aeroporto de Assunção, de repente vi minha mala sendo retirada aeronave e em seguida vem o anúncio do comandante informando que os aeroportos da Argentina estavam fechados devido às cinzas vulcânicas.
O que fazer?
Opção 1 – Voltar para o Brasil e tentar embarcar no vôo das 2 da manhã, isso se os aeroportos de Buenos Aires abrissem. Afinal, todos os vôos do dia 2 de julho a partir das 8 da matina estavam com “over” e aí o jeito seria embarcar só as 11 e meia da noite do dia 2.
Opção 2 – Pegar um busão de Assunção a Buenos Aires com duração de 16 horas.
E como nesse momento eu estava no mundo a trabalho e não a passeio, a opção escolhida foi a 2.
Pedi para a Gol um táxi para a rodoviária e senta que lá vem a história...
Chegando à rodoviária de Assunción, descobri que as passagens eram vendidas no 1º andar, o elevador não funcionava e lá ia eu subindo as escadas da rodoviária com minha mala tipo container quando um rapaz veio me ajudar – ai que medo, desconfiança, receio; tudo e nada ao mesmo tempo passavam pela minha cabeça.
Finalmente consegui comprar a passagem em ônibus semi leito do Expresso Guarani, afinal com toda essa sorte, é óbvio que o ônibus leito havia partido há 1 hora. A passagem custou à bagatela de 88 dólares com todas as refeições incluídas.
Passagem comprada, hora de descer a mala jumbo pela escadaria e partir para o embarque imediato.
Saída às 16h com previsão de chegada a BUE as 10 da manhã do dia seguinte.
Mala despachada do bagageiro e seja o que Deus quiser! Uma rodo senhora muito atenciosa deu as boas vindas e indicou a minha poltrona.
Acomodei-me torcendo para que a comida logo fosse servida, afinal quem voa Gol não tem direito a almoço e durante esses trâmites de para onde e como ir, só rolou um café com leite.
Na saída da rodoviária, diversos ambulantes entraram no ônibus guloseimas, DVDs, “rolex”, perfume... Tudo autenticamente pirateado!

Após 1 h e meia de viagem paramos na aduana e mais ambulantes sobem para o ônibus para vender chipas paraguaias (salgado de queijos e polvilho) e fazer câmbio de guaranis para pesos argentinos.
Os ambulantes saem e é hora de todos descerem para fazer imigração em plena estrada de chão batido. Uma experiência e tanto! Você sente um ilegal tentando atravessar a fronteira pelo deserto.
Procedimentos: Passar pelo guichê para sair do Paraguai e seguir para o guichê de entrada na Argentina.
Tirar as malas do ônibus onde dúzias de “maleteros” te cercam querendo pegar suas malas e levá-las para o raio-X a fim de ganhar uma gorda “propina”. Uma muvuca só!
Dei 10 pesos de gorjeta e reclamaram, perguntaram se eu não tinha dólares para dar...
Nunca tente atravessar a fronteira com material promocional, você tem 99,9% de chance de ficar muitíssimo chateado.
All on board again, o ônibus anda um pouquinho, a rodo senhora dá alimento aos famintos (1 mini sanduíche de peito de peru, 1 torrone, 1 mini alfajor e cafezinho) e pára de novo.
Agora é hora de entrar 2 policiais e um parente da Shadow, logicamente com metade do peso dela! E acho que sentindo o cheiro dela, o cão farejou a minha mochila que estava debaixo da minha poltrona e logicamente tive que abri-la. Não vou entrar em detalhes, mas eu quase enfartei.
Meu colega de aventura Luiz Cenciales, disse que meu rosto ficou desfigurado de tanto pânico.

Continuação da viagem...
As 9 e meia da noite o jantar foi servido, cardápio:
- filé de frango a milanesa - aquele que você faz no almoço e deixa fora da geladeira para comer em temperatura ambiente no jantar;
- empanada de carne - só esqueceram de desempelotar a carne, mas ok;
- um alfajor que esfarelava e o recheio estava puxa-puxa.
E para beber a Coca-Cola de 1 litro em garrafa de vidro para ser dividida fraternalmente em copos de plástico para todos os passageiros do “bumba”. Que banquete!

Hora de dormir e a manta oferecida é do tamanho da manta dos meus cachorros e o cheiro estava pau a pau com as mantas que coloquei ontem para lavar, afinal estavam impregnando o meu quarto. Enfim, melhor manta com cheiro de cachorro do que passar frio. Que ponto cheguei!

Acordei as 3 da matina literalmente pegando fogo, tirei a manta de cachorro, o cachecol, o casaco, ergui as pernas relutante para tirar o sapato e a meia. Levantei da poltrona e percebi que a moça que estava sentada na minha frente também estava acordada e perguntei se ela também estava com calor – ufa! Ainda não é a menopausa! Rsrsrsr
A rodo senhora passou, expliquei o que estava acontecendo e por sorte era hora de abastecer, ir ao “baño” (o banheiro do ônibus estava fechado), esticar as pernas e comprar um Gatorade na loja de conveniência.
Saí do ônibus com o mínimo de roupa que era possível naquele momento, a temperatura ambiente estava por volta de 4 graus e a minha vontade era ficar ao ar livre por tempo indeterminado.
Regresso ao ônibus e de volta para a estrada, ar condicionado ligado, manta de cachorro e boa noite!

As 6 da manhã acordei congelando, meus pés mesmo com meia pareciam dois picolés.
Chamei a rodo moça...
Calefação ligada e o clima ficou propício para mais um cochilo.
Acordei as 9 da manhã, o café da manhã já havia sido servido e a “azafata” me ofereceu “el desayuno”, mas eu preferi pular essa parte.

Ao meio-dia, após 20 horas dentro de um ônibus, finalmente cheguei à rodoviária de BsAs. Hora de correr para o hotel e receber os convidados que haviam embarcado em SP no vôo das 8 da manhã e já tinha chegado ao Aeroparque.

Uma experiência que jamais será esquecida e que espero nunca mais repeti-la!

0 comentários:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.